Ousadia, persistência e comprometimento. A história da jovem Mylena Cooper.

Mylena Cooper começou a trabalhar ainda menina e por anos teve que pendurar dezenas de certificados na parede aonde trabalhava para provar competência para os colaboradores que a viram de fraldas. Sim, ela sofreu preconceito quando entrou no setor, além de muito jovem era filha do dono da empresa. Hoje quando revê sua trajetória profissional se sente mais segura. Formada em publicidade e propaganda e pós-graduada em gestão de pessoas e negócios, na cidade de Curitiba, a jovem atualmente ocupa o cargo de Diretora Geral.

Tudo começou com muita curiosidade e interesse em querer se inteirar nos assuntos da empresa da família, uma vez que seu pai, sua mãe e seu irmão conversavam sobre projetos e negócios sempre quando chegavam em casa. “Desde pequena ouvia meu pai falando sobre funerária. Depois de alguns anos minha mãe deixou o trabalho dela e entrou na empresa para somar. Meu irmão assim que passou no vestibular para Administração começou a ajudar. Com os três falando o tempo inteiro sobre a empresa eu me sentia isolada. Com 16 anos, resolvi ir trabalhar”, comenta.

Trajetória

Embora sendo filha do dono da empresa, nunca teve privilégios. Primeiro começou na recepção, depois foi para o setor de vendas de planos funerários. Também trabalhou como “Dj” no crematório da família onde organizava a ordem das músicas para serem tocadas nas cerimônias de cremação. Desde que entrou na empresa Vaticano, Mylena começou a participar de todos os eventos do ramo: congressos e feiras nacionais e internacionais. Além dos encontros do setor, a leitura diária faz parte do seu dia-dia. Também já realizou várias visitas técnicas nas grandes empresas do Brasil, visitas que colaboraram para inovar sua empresa. “ Meu pai sempre traçou como objetivo a inovação. Foi ele quem trouxe para o Brasil, por exemplo, a tanatopraxia. O objetivo é sempre sugar as informações mais importantes e possíveis de serem implantadas”, diz.

A cada congresso Mylena conta que a lista de afazeres é enorme, pois por meio destes encontros já conquistou parcerias de representação exclusiva nacional e até na América Latina. Firmou parceria também com a Celestis (localizada nos EUA) que representa a NASA (Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço) em que leva cinzas humanas até ao espaço. Outra parceria internacional foi com a empresa suíça chamada Algordanza que transforma cinzas em diamante.

Em busca sempre da inovação sua equipe trouxe o primeiro crematório do estado do Paraná e o primeiro no estado de Santa Catarina. Um dos traços que destacam a empresária Mylena Cooper é a ousadia por trazer outros diferenciais para sua empresa bem como: transformação de cinzas em peças de cristais, cápsulas de identificação, urnas de cinzas biodegradáveis, jóias para guardar cinzas, salas de memória para cinzas com lóculos personalizados com objetos pessoais, cerimônias de cremação, anfiteatros para cerimônia, urnas de cinzas baseadas em hobbies, capela de luxo com conveniências, árvore da saudade, vídeos em homenagem ao falecido, revoada de pombas brancas após cerimônias, homenagem com balões de gás entre outros serviços. Mylena relembra que foi seu pai quem criou a chuva de pétalas em cima do caixão, hoje a ideia é vendida em diversos lugares do Brasil e do mundo.

O QRcode é outra inovação que a jovem empresária implantou na Capela Vaticano, na sala de memórias. Apenas com um tablet ou um smartphone é possível aproximar qualquer um destes aparelhos ao código que está em cada lóculo, ao se conectar aparece um link em que conta a história da pessoa falecida, a música preferida e visualiza as fotos de momentos felizes separadas pela família.

Mylena enfatiza a importância de estar em conexão com os países mais evoluídos. “ Os países que estão à nossa frente mostram as tendências, aí é só uma questão de dinamismo e esforço para inovar e conquistar um marketing gratuito. Sou fromada em marketing, eu respiro isso diariamente, dedicando-me para estar na mídia e agregar valor a marca”, garante.

Lembrando da sua trajetória desde o início há 13 anos, quando falava que trabalhava na empresa Vaticano as pessoas não sabiam de que empresa se tratava, nunca tinham ouvido falar. Hoje a visão é bem diferente. “ Aonde eu vou se converso com alguém as pessoas comentam comigo que já foi em nossa capela, já nos viu na TV, ou teve um ente querido cremado em nossa empresa. Pra mim esse é o reconhecimento do meu trabalho”, explica.

Por conta de compromissos com congressos e volume de trabalho Mylena diz que é difícil conciliar mais cursos em prazos longos, pois procura suprir seu tempo escasso com cursos de períodos curtos e temas direcionados como no SEBRAE, SENAC, workshops e empresariais.

Seu itinerário profissional é bem intenso freqüenta anualmente a Funexpo, NFDA convention dos Estados Unidos, congressos da Alpar na América Latina e as reuniões mundiais da FIAT-IFTA, Federação internacional do setor, na qual atualmente representa o Brasil no comitê.

Sobre a Exponaf (Exposição Nacional de Artigos Funerários) promovida pela AFFAF (Associação de Fabricantes e Fornecedores de Artigos Funerários), a diretora da empresa Vaticano enfatiza que vai participar do evento com muito orgulho e destaca a satisfação de receber um encontro do setor funerário em sua cidade.

Mylena Cooper

Mylena e Adryelli Becker, seu “braço direito”.

Trabalho e visão humanizada

Paralelamente ao trabalho Mylena não deixou de citar sua visão mais humanizada com relação ao setor funerário e seu envolvimento com as famílias enlutadas. “ Instintivamente, dava vontade de fazer alguma coisa. E a única coisa que poderia ser feita, seria dar o máximo de atenção, conforto e ajudar a família a prestar uma homenagem bonita. Isso virou minha missão, meu amor. Deixei de ver o segmento funerário como a venda de produtos e passei a ver como a oportunidade de ajudar as pessoas no momento que elas mais precisam. É muito prazeroso trabalhar em algo que se acredita estar crescendo espiritualmente e fazendo o bem”, afirma.

Preconceito

Embora o Brasil seja um país livre de leis, culturas e religiões que proíbem mulheres a trabalhar, ainda não deixa de existir alguns preconceitos. Mylena já presenciou cenas que caracterizaram preconceito com mulheres que atuam como motoristas e tanatopraxistas. Relembrou que logo que entrou na empresa do seu pai contratou uma menina da mesma idade que ela, Adryelli Becker, que até hoje é seu braço direito na Vaticano. Ainda lembra que todos os funcionários que foram contratados por ela, são mulheres. O segmento funerário precisa da força, do equilíbrio e da coragem dos homens. Mas fica ainda melhor com a ternura e sensibilidade das mulheres.

Dedicada e comprometida com o trabalho como diretora geral da Vaticano, fala sobre sua visão futura com relação a mulheres no segmento funerário. “A necessidade de ajudar o marido ou pai na empresa, fez com que centenas de mulheres ingressassem no serviço funerário. Tomaram posição de administradoras e líderes. Um grande mérito das mulheres do setor é humanizar cada vez mais o segmento. Fiz estágios em algumas empresas do segmento, onde vi isso acontecer. A sensibilidade e a preocupação com a perda alheia pode transformar a imagem do setor. Deixaremos de ser tão práticos e comerciais e seremos vistos como empresas ternas e humanizadas”, enfatiza.

Também aproveita a ocasião e deixa um conselho para as mulheres que querem ingressar no mercado funerário. “Comece. Como toda empresa, nosso segmento permite-nos atuar em diversos setores. Com certeza conseguirá aplicar o seu talento e a sua sensibilidade em sentir-se feliz profissionalmente. É um trabalho extremamente gratificante”.

Em algum momento da vida a jovem empresária, com incentivo do pai, chegou a correr atrás do seu sonho que era jogar futebol. Embora tenha jogado profissionalmente por dois anos, ela teve a certeza do que queria para sua vida, se dedicar à empresa do pai. A história da Milena Cooper, 29 anos, é mais uma prova que o envolvimento das mulheres no mercado de trabalho tem sido crescente nos últimos anos, e cada vez mais ocupando cargos considerados altos e de lideranças como de gerência, diretoria e até mesmo de presidência. No setor funerário esse número também cresce.

Equipe de atendimento da empresa Vaticano

Equipe de atendimento da empresa Vaticano

Matéria publicada originalmente na edição 04 da revista Funerária em Foco, em outubro de 2014.