Psicóloga esclarece que a vivência do luto é “única e intransferível”.

Com atuação focada em luto, Beatriz Mendes comenta as maneiras de lidar com a perda de um ente querido após críticas direcionadas a artistas por homenagem alegres à cantora Marília Mendonça.

Diante da repercussão das críticas direcionadas a famosos por prestarem homenagens mais alegres e festivas à cantora e compositora Marília Mendonça, uma questão foi levantada: existem formas adequadas de expressar o luto por alguém querido? Para a psicóloga do luto do Morada da Paz, Beatriz Mendes, o luto é único e intransferível.

De acordo com ela, a sociedade construiu modos de ser e de agir ao longo do tempo. Assim, é muito comum que certos comportamentos sejam repassados sem, muitas vezes, pararmos para refletir sobre o seu sentido, apenas convocando-nos a replicá-los. “Diante desse cenário, acabamos normatizando expressões e engessando a liberdade que cada indivíduo tem de sentir, além de estabelecer critérios de normalidade ou estranhamento por meio de referências que podem até apresentar posturas moralistas e pouco empáticas”, inicia a psicóloga.

Ela lembra que isso acontece fortemente no contexto dos rituais de despedida. “Quantas regras sociais as pessoas tendem a reproduzir nesse momento? Muitas. O uso do preto, a ideia de que apenas a tristeza e o choro contido são esperados e tantos outros costumes. Mas não é bem assim. A vivência do luto, apesar de tantas regras sociais, é única e intransferível. Cada pessoa pode sentir uma infinidade de sensações e sentimentos que, inclusive, sejam novos para ela mesma”, continua Beatriz.

Parâmetros de anormalidade

Beatriz Mendes, psicóloga.

A profissional explica que não há parâmetros de anormalidade sobre rir ou chorar, e não devemos colocar termômetro e medidores para a quantidade de lágrimas, para a força do choro ou para possibilidade do sorriso. Cada um vai viver o luto e os rituais de despedida no horizonte do que é possível para si. “Então, sorrir pode estar presente, assim como chorar, cantar, recitar um poema, agradecer, não derramar lágrimas, usar branco, usar a estampa de flores preferida daquele ente querido que partiu. São muitas possibilidades e cada um encontra o seu jeito de vivenciar isso”, reforça a psicóloga.

Existem muitas maneira de lidar com o luto, segundo a psicóloga, a qual afirma que alguns preferirão rituais de despedida cercados de celebração, música e sorrisos. Já outros oscilarão entre lágrimas e o compartilhamento de memórias que arrancarão gargalhadas. Há, ainda, quem preferirá a lembrança do falecido ainda vivo e não comparecerá a velório e cemitério.

“As manifestações do luto são variadas e, mesmo que não encontremos as mais comuns, como o choro e o pesar, é preciso enfatizar que não há regras. Sejamos empáticos para compreender os referenciais dos outros, sem querer estabelecer uma medida ou uma norma. Cada um sabe a dor e o amor que foram vividos e construídos. Cada um terá recursos de enfrentamento específicos. Muitas vezes, julgamos sem conhecer. Sejamos respeitosos, acolhedores e abertos para o que é possível para cada”, conclui Beatriz.

Com informações de Ideia Comunicação

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