Psicologia do Luto: E a morte foi ao cinema

Morte: É a única certeza que se tem na vida. Sua presença acompanha todas as pessoas desde o seu nascimento. Porém, no dia a dia acontecem as “outras” mortes chamadas de simbólicas. Pode-se citar como exemplo a perda do emprego, a separação de casais, a aposentadoria, a menopausa, entre outros.

Cada pessoa tem seu próprio modo de se enlutar, uma vez que, cada uma tem sua peculiaridade na representação da morte. Levando-se em conta que a arte é uma maneira de expressar o que é vivido e sentido pelas pessoas, Franco comenta que:

Como uma ferramenta poderosa que acessa o inconsciente, sem pedir licença, a arte transcende a morte, eterniza nossa estado de ser, cura a alma, traz à tona a intensidade dos processos criativos, e nos devolve a vida. (FRANCO, 2008, p.120)

Sendo assim, a arte pode ajudar na elaboração da morte e nos processos do luto, promovendo reflexões sobre o assunto. Vários são os meios pelos quais a morte pode ser retratada através da arte e entre eles, encontra-se o cinema, com sua contemporaneidade, e considerado como a sétima arte. Deste modo, filmes bem elaborados, permitem considerações importantes sobre vida, morte, qualidade de vida.

A morte em nossa sociedade ainda é considerada tabu, entretanto, estamos em contato direto com ela no cinema. Personagens nos filmes morrem, ficam doentes, se mudam, vão embora, e todas essas perdas fazem parte do cotidiano das pessoas também. Nesse sentido, Miranda relata que:

Para compreender como a morte aparece no cinema, é preciso entender os sentidos que ela adquire na nossa sociedade. Compreendendo os sentidos da morte na nossa sociedade e os significados da morte nos filmes é que vamos entender as várias educações de morte no cinema (MIRANDA, 2009, p. 79).

Não há como negar a importância do papel do cinema como recurso para se trabalhar perdas, morte, luto e elaboração do luto, seja para crianças, adolescentes, adultos ou idosos, cada qual com a sua própria realidade e entendimento dentro da sua faixa etária. Ainda que cada filme conte histórias diferentes sobre o mesmo tema: a morte. É a vida imitando o cinema!

Ainda em tempo, para aqueles que se interessam pelo assunto, segue sugestão de alguns filmes, que versam sobre perdas e lutos, que promovem reflexão sobre tema tão importante na vida das pessoas e que é tão pouco falado pela nossa sociedade.

Para crianças: O Rei Leão, Procurando Nemo, e O menino do pijama listrado.
Para adolescentes: A culpa é das estrelas, A cura, e Pequena Miss Sunshine.
Para adultos: Uma prova de amor, P.S. Eu te amo, e O náufrago.
Para idosos: Cerejeiras em flor, Elza e Fred, e Antes de partir.

REFERÊNCIAS:
> FRANCO, Clarissa. Arte e Morte. In Escudeiro, A (org). Tanatologia: Conceitos, relatos e reflexões. Fortaleza: Gráfica e Editora LC, 2008.
> HOSSNE, Willian Saad. Bioética & Cinema. Maringá: Editora Miraluz, 2017.
> MIRANDA, Carlos Eduardo Albuquerque. Encontros com a educação para a morte no cinema. In Santos, Franklin Santana (org). A arte de morrer – visões plurais. vol. 2. Bragança Paulista: EDITORA Comenius, 2009.

Solange Wiegand – Psicóloga . CRP 3266/08
Matéria publicada originalmente na edição 17 da Revista Funerária em Foco.

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